Eles não têm pressa. Têm força, fé e amor pela terra onde nasceram. Os tricicleiros de Parintins são figuras que fazem parte da alma da cidade, especialmente durante o Festival Folclórico, quando o coração da ilha bate mais forte. Simples, trabalhadores e cheios de simpatia, esses caboclos seguem firmes no pedal, levando gente e tradição pelas ruas cheias de festa.
Os triciclos mais tradicionais são bicicletas adaptadas, com um banco largo à frente onde os passageiros se acomodam para seguir o trajeto com calma, apreciando a paisagem e o som das toadas. Mas nessa época do ano, eles ganham nova vida: são enfeitados com fitas, penas, bandeiras e as cores vibrantes dos bois Garantido e Caprichoso. Cada triciclo vira um pequeno palco ambulante, carregando, além de gente, a estética do festival.
Mas não é só esse modelo que circula pelas ruas. Outra versão bastante comum é o triciclo tipo carroça, puxado por motos, que também transporta passageiros e pequenas cargas. Assim como os tradicionais, esses também são enfeitados e conduzidos por trabalhadores locais.
O trabalho é puxado, mas tem dignidade. Todos os tricicleiros são cadastrados e regularizados junto à prefeitura, o que garante segurança para quem anda e reconhecimento para quem conduz. E é no Festival que eles mais faturam: os dias são intensos, o número de corridas dispara e a renda conquistada nesse período ajuda a sustentar as famílias por vários meses.
Como conta o tricicleiro Ananias de Souza, que já trabalha há muitos anos com o transporte:
“Nesse período de festival, a cidade fica alegre, cheia de gente, é muito bom. Depois tem a festa da padroeira Nossa Senhora do Carmo, ai quando passa a cidade fica até meio triste… Mas esse tempo ajuda demais. Pra mim, é quando eu ganho um dinheiro bom, que dá pra quebrar meu galho, comprar minhas coisas, fazer a feira de casa, ajuda a minha família, é cansativo, mas vale a pena “
O Festival de Parintins é cultura, mas também é economia. Ele movimenta o comércio, fortalece o turismo e aquece até os setores mais simples — como o do triciclo, que segue firme, ano após ano, pedalando sonhos pelas ruas da cidade.
Andar de triciclo em Parintins é mais que se locomover. É viver a cidade no ritmo de quem nasceu nela. É ser conduzido por mãos calejadas e corações apaixonados. É sentir que, por aqui, o amor à cultura não anda de carro — ele vem pedalando, ou puxando uma carroça enfeitada de tradição.