Parintins não é feita só de arena e toada. Fora do Bumbódromo, um outro espetáculo acontece todos os dias nas mãos de quem transforma a natureza em arte. É a economia criativa pulsando nas ruas, nas feiras, nas calçadas e ateliês improvisados. Por toda a cidade, o artesanato ganha vida nas formas de brincos, colares, pulseiras, tiaras e outros adereços que carregam a identidade do povo caboclo e a beleza da influência indígena.
Feitos com matéria-prima da floresta, os acessórios encantam não só pela estética, mas pela força simbólica de cada peça. Cada brinco é uma história, cada colar é um pedaço da floresta transformado em cultura. E são muitas mãos envolvidas nisso: mães, avós, jovens artistas, famílias inteiras que se dedicam à produção manual e à venda desses produtos durante o Festival Folclórico, época em que o movimento e o faturamento disparam.
É nesse período que as ruas se tornam vitrines a céu aberto. Nos arredores do Bumbódromo, no Mercado Municipal, na praça da Catedral e até nas portas de casa, o que se vê é cor, brilho e criatividade. A cidade respira arte, e o artesanato vira ferramenta de renda, de afirmação cultural e de orgulho.
Essas peças não são apenas enfeites. São símbolos de pertencimento, de resistência e de amor à tradição. E quando uma mulher escolhe um brinco feito por mãos parintinenses para usar no festival, ela não está só se adornando — está levando consigo um pedaço da história de um povo que aprendeu, geração após geração, a criar beleza a partir do que a floresta oferece.
Em Parintins, a cultura não se limita ao boi. Ela se espalha em cada detalhe, em cada adorno feito com alma. É a arte cabocla que move o coração da ilha — e que, com criatividade e talento, também movimenta a economia.