São Paulo — A Justiça de São Paulo aceitou, nesta terça-feira (23), a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado contra o presidente afastado do Corinthians, Augusto Melo, e outras cinco pessoas, pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto qualificado. A decisão é da juíza Márcia Mayumi Okoda Oshiro, da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital.
Além de Melo, tornaram-se réus os ex-dirigentes do clube Marcelo Mariano e Sérgio Moura, além do empresário Alex Cassundé. Eles são apontados como integrantes de um esquema que desviava recursos do Corinthians por meio de contratos superfaturados e empresas de fachada.
A Justiça também aceitou a denúncia contra os empresários Victor Henrique de Shimada e Ulisses de Souza Jorge, acusados de lavagem de dinheiro. Embora não tenham sido indiciados pela Polícia Civil na fase inicial das investigações, ambos aparecem como sócios de empresas que funcionavam como intermediárias no esquema e teriam recebido parte do montante desviado.
Na decisão, a juíza destacou que a denúncia do Ministério Público cumpre os requisitos legais previstos no Código de Processo Penal e determinou que todos os acusados sejam citados para apresentar resposta à acusação no prazo de 10 dias.
As investigações apontam que o grupo atuava em conjunto para beneficiar empresas ligadas a aliados da diretoria do clube, movimentando valores sem justificativa contábil e com indícios de irregularidades fiscais. Parte dos contratos teria sido firmada sem licitação ou critério técnico, facilitando o desvio de verbas e a ocultação da origem dos recursos.
O Ministério Público classificou o esquema como “sofisticado” e disse que os envolvidos utilizaram “estratégias empresariais e administrativas para encobrir atos ilícitos sob aparência de legalidade”.
O Corinthians ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão judicial. A defesa de Augusto Melo afirma que ele é inocente e que todas as contratações realizadas durante sua gestão seguiram os trâmites legais do clube.
Com a denúncia aceita, os réus passarão agora à fase de instrução processual, onde poderão apresentar provas e testemunhas. Caso condenados, as penas podem ultrapassar dez anos de prisão, além de multas e outras sanções penais e civis.