
Na manhã desta sexta-feira, o promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), afirmou em entrevista que o homicídio do ex-delegado-geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo Ruy Ferraz Fontes estaria inserido em um plano orquestrado pela facção PCC, que tinha como objetivo também eliminar Gakiya e o diretor de presídios Roberto Medina.
Ferraz Fontes — que durante seus mais de 40 anos de carreira policial ganhou notoriedade por investigar e indiciar a cúpula da facção em 2006 — foi executado no litoral paulista em meio a uma emboscada.
De acordo com Gakiya, a facção preparava um “salve” (linguagem usada pela facção para mandado interno de execução) que incluía, além de Ferraz Fontes, o próprio Gakiya e Roberto Medina, que seria “jurado de morte” pela organização.
As investigações apontam que havia monitoramento da rotina de Medina, sem escolta, e de Gakiya, com informações detalhadas sobre trajetos e imóveis alugados próximos à residência do promotor.
O caso reforça a gravidade da presença e do poder da facção criminosa no Estado de São Paulo, além da vulnerabilidade de autoridades que se dedicam ao combate dessas organizações. Gakiya já havia denunciado que a facção alcançou “status de máfia” e que não se trata apenas de uma facção, mas de uma organização com alcance institucional e financeiro significativo.
As autoridades policiais e do MPSP mantêm investigação ativa com apoio de inteligência reforçada, visando identificar e responsabilizar todos os autores, mandantes e colaboradores desse plano de execução.
O sentimento é de alerta: segundo Gakiya, o crime de Ferraz Fontes pode ter sido apenas uma das operações desse plano mais amplo — e que, por sorte até agora, a execução dos demais alvos não se concretizou.
O episódio evidencia também os desafios institucionais no combate ao crime organizado e a importância de proteção a autoridades que atuam em investigações de alto risco.