
As investigações sobre o assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, ganharam um novo rumo e agora miram um possível esquema de corrupção envolvendo uma licitação milionária em Praia Grande, no litoral paulista, onde ele ocupava o cargo de secretário de Administração.
Segundo reportagem do jornalista Josmar Jozino, publicada no UOL, fontes ligadas à investigação apontam que há 90% de chance de o crime ter sido motivado por irregularidades em um pregão eletrônico de R$ 24,8 milhões, destinado à ampliação do sistema de videomonitoramento e rede wi-fi do município. Fontes teria identificado problemas graves no processo licitatório, o que pode ter motivado sua execução.
O pregão eletrônico foi realizado no dia 1º de setembro com o objetivo de registrar preços para a compra de equipamentos tecnológicos voltados à segurança pública e conectividade da cidade. Apenas duas semanas depois, no dia 15 de setembro, Ruy Ferraz Fontes foi morto a tiros de fuzil em uma emboscada ao deixar a sede da prefeitura.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) intensificou as investigações e, no dia 29 de setembro, cumpriu mandados de busca e apreensão relacionados a servidores da prefeitura. Na casa de Sandro Rogério Pardini, então subsecretário de Gestão de Tecnologia, os agentes encontraram grande quantia de dinheiro em espécie, além de um celular e um computador. Três dias após a operação, Pardini pediu exoneração do cargo.
A Polícia Civil segue apurando o caso com o apoio do Ministério Público e não descarta novos desdobramentos envolvendo servidores públicos e possíveis beneficiários do contrato. Até o momento, nenhuma prisão foi efetuada, mas os investigadores trabalham com a hipótese de que o assassinato foi planejado para impedir a revelação das irregularidades no contrato milionário.
Ruy Ferraz Fontes foi delegado-geral da Polícia Civil entre 2019 e 2022 e era conhecido por sua atuação em investigações complexas e no combate ao crime organizado. Sua morte chocou colegas da corporação e levantou preocupações sobre a influência de interesses escusos dentro da administração pública.
A prefeitura de Praia Grande ainda não se pronunciou oficialmente sobre as suspeitas envolvendo seus servidores, mas afirma colaborar com as investigações.